Um dia, foram juntas ao mercado Iansã e Oxum, esposas de Xangô, e Iemanjá, esposa de Ogum.
Exú entrou no mercado conduzindo uma cabra, viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia.
Aproximou-se de Iemanjá, Iansã e Oxum e disse que tinha um compromisso importante com
Orumilá.
Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem
com a metade do lucro obtido. Iemanjá, Oiá e Oxum concordaram e Exú partiu. A cabra foi vendida
por vinte búzios. Iemanjá, Iansã e Oxum puseram os dez búzios de Exú a parte e começaram a dividir os
dez búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Haviam três búzios para cada uma delas, mas sobraria
um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da mesma forma Iansã e Oxum tentaram
e não conseguiram dividir os búzios por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria
com a maior parte.
Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei
um búzio a mais”. Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando que o costume era que os mais novos
ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.
Iansã intercedeu, dizendo que, em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do
meio. As três não conseguiam resolver a discussão.
Não havia meio de resolver a divisão. Exú voltou ao mercado para ver como estava a discussão.
Ele disse: “Onde está minha parte?”.
Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo. Exú
deu três a Iemanjá, três a Oiá e três a Oxum. O décimo búzio ele segurou. Colocou-o num buraco no
chão e cobriu com terra. Exú disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que
se seguia no Orun.
Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. Dá-se uma parte
das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos Orixás, aos antepassados. Assim também com o dinheiro.
Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser. Quando qualquer coisa vem
para alguém, deve-se dividi-la com os antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”
Iemanjá, Oiá e oxum reconheceram que Exú estava certo. E concordaram em aceitar três búzios
cada.
Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oió passaram a ser mais cuidadosos com relação
aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos
do trabalho e com os presentes da fortuna.
Fuente: Sociedade Espiritualista Mata Virgem
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